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Linfócitos T também podem liberar redes extracelulares

Atualizado: 29 de jun. de 2020

- Por Martín Bonamino -


Há cerca de 15 anos foi descrito o fenômeno de liberação de material genético misturado com histonas, elastase e outras proteínas por parte de neutrófilos ativados, as chamadas NETs (Neutrophil extracellular traps). Este fenômeno foi associado à ativação destas células e sua decorrente morte por NETose, uma nova forma de morte celular programada que resulta na liberação de material genético na forma de NETs.


As NETs estão associadas ao processo de resposta a microorganismos, consistindo em um mecanismo de imobilização e toxicidade dirigida aos patógenos, que ficam retidos nas fibras de DNA e sofrem toxicidade por parte de proteínas tóxicas liberadas em conjunto com o DNA. Mais recentemente este processo, além de envolvido na eliminação de patógenos, foi associado a diversos processos de inflamação aguda e crônica e suas decorrentes patologias, como lúpus eritematoso sistêmico (revisado aqui).

Kaplan and Radic J Immunol, 2012

Além da descrição original da liberação destas redes de DNA por parte de neutrófilos, recentemente houve a descrição de células B liberando estas redes quando estimuladas. Em um artigo de 2019, o grupo liderado por Sabina Sangaletti demonstra que estas redes extracelulares de DNA também podem ser liberadas por linfócitos T CD4 humanos e murinos. Este DNA liberado foi chamado de THREDs (T helper-released extracellular DNA) e consistem em filamentos de DNA oxidados associados a proteínas como histonas. A inibição da produção de espécies reativas de oxigênio mitocondriais (mtEROs) inibe a liberação destas THREDs, sugerindo que esta oxidação mitocondrial do DNA seja um dos passos chave para este fenômeno.


Os autores mostram que este DNA liberado pode funcionar como co-estímulo para os linfócitos T, indicando um processo de amplificação da resposta que pode estar associado a doenças autoimunes. Reforçando este conceito, as THREDs foram detectadas nos linfonodos de camundongos com encefalite autoimune (EAE). Os autores também mostraram que a quantidade de DNA mitocondrial circulante aumenta conforme a severidade e progressão da EAE e que a inibição das mtEROs inibiu a presença destas THREDs. Este resultado sugere que a inibição de mtEROs poderia atenuar o desenvolvimento da EAE. Para validar esta hipótese, os autores promoveram a inibição farmacológica de mtEROs durante o desenvolvimento da EAE em modelo de camundongo mostrando uma redução do score clínico da doença, da desmielinização e do número de células imunes infiltrando a da medula espinhal.


Este conjunto de resultados abre a perspectiva de que as THREDs se somem às NETs como mecanismo de amplificação de processos inflamatórios, representando uma nova possibilidade de intervenções farmacológicas para o tratamento de doenças autoimunes.

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